quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

MCore Entrevista: Depois da Tempestade, post-hardcore de Santos/SP


Com muito orgulho estreamos a sessão de entrevistas do nosso blog com uma banda que admiramos e gostamos, Depois da Tempestade

Biografia: A banda foi fundada em 2012, na cidade de Santos estado de São Paulo,  os membros da banda são, Victor Birkett (Vocal)Dennys Andrade (Guitarra)Leandro Cruz  (Guitarra/Voz), Diego Andrade (Baixo)Bruno Andrade (Bateria)Maru Mowhawk (Teclado/Programações).

Discografia:

O Sol Nascerá (2012)
Faixas:
1 Intro
2 Faça
3 Me Liberto
4 Você Nunca Foi
5 A Nova Chance
6 Lutar e Vencer
Download


Eleva (2014)
Faixas:
Eleva
Tinta e Agulha
3 Intempérie
Chico tinha Dito
Effy
Eterno Tropeço
Download

Informações: Facebook, Youtube, Twitter, Instagram, SoundCloud, Merch, Site Oficial 

Videografia:





Como surgiu o DDT?

A Depois da Tempestade surgiu com remanescentes da banda Annevra, sendo eles Dennys, Diego e PH. Sou amigo há anos do Diego, e junto com ele e seu irmão Dennys, já tivemos uma banda. Fui chamado para ser vocalista da DDT e logo tínhamos gravado e divulgado nosso primeiro single, “Lutar e Vencer”.


Quais são as principais influências da banda?


Creio que atualmente seja o Enter Shikari. Não exatamente pelos detalhes eletrônicos que eles carregam, mas pela liberdade que têm de passear pelo metalcore/post-hardcore sem medo de soar diferente. Gostamos disso que temos: não lembramos nada e não parecemos com ninguém.


A banda está no seu terceiro ano, durante esse tempo vocês já gravaram dois EPs e
tiveram algumas mudanças de integrantes. Fale um pouco sobre a evolução da banda durante esses 3 anos de DDT e essas mudanças.


Foram mudanças necessárias. Todos que passaram pela banda deixaram suas marcas, e com certeza não seríamos o que somos hoje sem eles. É importante lembrar que perdemos dois membros, porém ganhamos três. Começamos com cinco e hoje somos em seis. Bruno, Leandro e Maru trouxeram um novo ar para a banda. São ótimos músicos teóricos, estudados. Creio que hoje somos uma banda de verdade, que fala o idioma musical e se importa com isso. Fora o lado de que atualmente vivemos a melhor fase de relacionamento. Somos amigos, já tivemos tempo o bastante para conhecer os limites de cada um e respeitar isso.


Qual a melhor parte e a pior parte de ter uma banda?


A melhor parte é poder expressar-se artisticamente e poder deixar seu legado para a posteridade. Você grava uma música, um disco. Se isso faz sentido para alguém e essa pessoa a leva para a vida, mostrando assim para os filhos e amigos, pronto, você é imortal. Creio que temos essa sorte. Mesmo que ainda não seja para um grande número de pessoas, mas tenho certeza que para uma dúzia seremos lembrados para sempre. Só por isso, já valeu completamente a pena.


A pior parte é que vivemos atualmente um momento confuso no rock. O mainstream pensa se sobreviverá, o independente recebe artistas que acabaram de sair do mainstream, e o underground tenta se reinventar. Creio que é uma fase e que passará, mas dói o coração ver bandas tão talentosas tocando para pouquíssimas pessoas e que isso talvez calhou ou calhará no fim de algumas delas. Digo por nós que estamos com tesão de fazer algo gigantesco e apresentar isso para as pessoas. Mesmo que seja para dez por show, sendo três delas nossas namoradas.


O que vocês acham do underground atualmente? E no que precisa melhorar?


Pergunta complicada. Creio que no nosso início, em 2012 estávamos vivendo uma grande fase do underground nacional, porém nós não éramos tão bons para fazer parte das bandas de cima. Como disse na fase de cima, o rock nacional em geral está em uma fase de transição. Talvez seja um ano com menos shows e viagens para todas as bandas, mas não se pode parar de gerar conteúdo nunca. Nós mesmos já estamos com planos além do terceiro EP.

A vontade do público de sair de casa tem que voltar. Parece que hoje fala-se muito mais na internet do que se cola em show pessoalmente.
Lembro quando eu comecei a ir a shows, em 2007 quando tinha 14 anos. Um show do Dance of Days, Gloria, Dead Fish ou Envydust era realmente um acontecimento. Eu ficava pensando naquilo durante um mês. Lia os flyers e escutava o myspace/purevolume de todas as bandas. Não vejo mais esse tesão na geração depois da minha. Claro, são casos e casos e não se pode generalizar nesse assunto. Conheço pessoas que já saíram de cidades ao redor de SP para ver um show nosso no litoral. Gastaram três, quatro horas de viagem para nos ver tocando dez músicas. Isso é gratificante. Mas num geral se precisa voltar essa vontade de sair do Youtube e ver um show de verdade, tomar um soco por engano, sentir o suor dos outros no rosto, viver a vida real, se arriscar um pouco fora de sua bolha.


Vocês estão em processo de gravação do terceiro EP. O que os fãs do DDT podem
esperar desse novo EP?


Mudanças e mais mudanças. Será o primeiro EP que o Leandro compôs as guitarras, tendo até uma música dele. O mais gritante, claro, será a presença de teclados e outros efeitos eletrônicos. Creio que quem nos acompanha já está acostumado com nosso som doido (risos). Posso garantir que será grandioso e maduro ao mesmo tempo que segue nossa sinceridade e imperfeições usuais.


Como é o processo de composição do DDT? Quais os temas que a banda vai
abordar nesse novo EP?


Normalmente algum dos caras, principalmente o Diego, compõe um som, encaixa uma bateria e grava uma pré produção para que eu possa encaixar a letra e melodia. Com isso feito, passamos a ensaiar os sons, com o Bruno mudando a bateria para a forma como toca. Nesse EP temos duas músicas do Diego, uma do Dennys, uma do Leandro, e a faixa que abrirá é composta por todos, pois começou em uma jam no ensaio partindo de um teclado do Maru. Isso já é um diferencial e tanto. Temos muito a crescer com isso.

Em questão de letras, tratei um pouco da relação de diversos universos: o interior, que só nós percebemos, o exterior, que é o que nos rodeia no dia a dia, além do universo relacionado ao espaço sideral, propriamente dito. Também tem algo muito humanas nas composições, gritos por igualdade, o que já está se tornando habitual em nossas letras e discursos. Não posso deixar de citar toda a positividade refletida nesse EP. Aprender a dizer mais ‘sim’ do que ‘não’ e aceitar tudo o que o universo te manda da melhor forma é a mensagem que queremos passar com esse material. No fim, tudo se completa e tudo é uma coisa só.


Fale um pouco da experiência de vocês gravarem nesse novo estúdio e com um
produtor? Já que esse ep está sendo gravado em estúdio diferente dos dois primeiros EP'S.


Estamos gravando no Electro Sound em Santos com o produtor André Freitas. O estúdio pertence ao Marcão do Charlie Brown Jr./BULA, tendo inclusive sido usado para a gravação do último disco da banda, além da sala ter sido usada para arranjar o clássico cd acústico dos caras, só para citar um exemplo. Nada mais inspirador que isso, certo?
Trabalhar com o André é sensacional. Já se tornou um amigo nosso. Comentamos coisas de nossas vidas pessoais, fazemos piadas, tornamos o ambiente muito familiar e aconchegante. Ele tem o melhor ouvido que já trabalhamos e possivelmente vamos trabalhar. Ouve detalhes que são imperceptíveis, tem gosto pelo o que faz, procura os melhores timbres para cada parte de cada música. Já deixamos claro que faremos nossos próximos trabalhos com ele, já tomando opiniões do cara desde a parte de composição. Foi um acerto significativo para nós. Nos deixou mais fortes e com vontade de crescer ainda mais, e com isso elevar nosso nome e o nome do André também, porque o cara merece apenas glórias.


Quais dicas vocês dariam para bandas que estão começando?


Toquem, ensaiem, ensaiem, ensaiem, sejam amigos, façam por gosto, não tentem ser parecidos com a banda que vocês mais gostam de ouvir, não tenham medo de ousar ou soar diferente. As artes mais geniais do mundo surgiram por meio de quem foi visto como louco por seus contemporâneos, certo? Então façam o que der na telha sem expectativa de sucesso. Sejam felizes e façam com amor aos seus amigos que estão contigo nessa jornada. A possibilidade de você fazer sucesso e ganhar dinheiro com isso é muito pouca, mas a possibilidade de fazer os melhores amigos, conhecer as melhores pessoas nos melhores lugares é certa. Só vai.


O mais importante, qual é a previsão de lançamento do novo EP?


Terminamos as guitarras. Agora falta voz, teclados, pós produção, mixagem e masterização. Creio que no fim de março ou início de abril já esteja nos fones da galera.

Gratidão pelo espaço obtido pela galera da MCore, uma página virtual que nos conheceu pessoalmente em shows nossos em Campinas e região. Sigam o exemplo deles. Sejam ativos na internet, curtam, divulguem, conheçam, mas não se esqueçam que diversão de verdade você só encontra na frente ou em cima de um palco.